segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

simples cidade, minha

Peso e leveza disputam constantemente pela minha atenção - mas o equilíbrio me chama e me puxa, todo completo, por ser meu, tão somente meu, exato e disléxico.
Minhas crises não vão passar, eu sei. Que vou deitar e que vai ainda pesar. Que vou continuar submersa em medo-vergonha-ansiedade-angústia-desespero. Nessa ou naquela manhã, nesse ou naquele meio de tarde. Mas que fica tudo bem.

Que fica tudo bem, por hoje, sempre fica tudo bem, por aqui, porque eu ainda posso fugir do trabalho no começo da noite e ver que existe claridade do lado de fora da redação; pular umas ruas até a Santos e tomar um chocolate quente da Kopenhagen com dupla dose de chantilly.
Mais do que posso, eu quero. E assim, por querer, não mascaro minhas angústias. Eu só me deixo viver, dançando desajeitada sobre o pesado que me carrega os dias.

Um cheiro de escola antiga, daquela minha região de saudade, toda desbotada. A sensação ansiosa de pular o último degrau da escada sem tropeçar, e fazer o mesmo quando acaba a rampa de correr da linha amarela do metrô, na adrenalina nervosa de não cair. Cruzar a banquinha da Frei esperando que alguém apareça. Ter o sorriso colado no sorriso de alguém. Relembrar as vezes em que corríamos juntos naquele monte de grama, antes de ele me fazer voar no balanço. Ter o vento das dez da noite atravessando a manga do meu moletom e ter o tempo tomado por uma conversa sobre os astros, os mundos e os pontos de vista de cada um. Dois copos cheios, algumas filosofias furadas, algumas muitas risadas. Esses tipos de coisa, que fazem feliz.
Eu sou feliz.

Sou feliz porque me deixo: vivo exposta à minha complexidade, que gosto tanto, respirando cada momento que consigo - que me esforço para - tornar simples. Que gosto do simples, também.

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