quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Gotas verdes cor de mel.
Respingando ao som do ventilador.
Lá do alto da roda gigante.

Fale olhando em meus olhos.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ilustríssimo texto pobre

Interesse plastificado, um retrato mal colocado, mal colado, torto.

Gostaria de ter as palavras certas nas horas certas, e só isso - mas essas minhas já velhas conhecidas fazem questão de brincar, soltas e pobres, nos meus devaneios.

Me surgem de um ímpeto até hoje desconhecido, e rolam aleatórias formando um contexto aceitável, em olhos alheios que, na verdade, nada sabem, nada entendem.
Mas é assim que acontecem, e aparecem quando bem querem. Criam seus shows improvisados e recebem daqueles que as assistem, com prazer, os seus sinceros aplausos superficiais - embora de tamanho valor para um ego maltratado como o meu.

Então, por agora, me digam. Me mostrem, me impulsionem a um algo de fato desconhecido, tudo bem, talvez não tão desconhecido assim, mas singular, na maneira em que é único por si, um fato conhecido, mas novo, de uma outra forma, de outras características, de outros sentimentos.

Sentimentos... Como eu, eu própria, poderia falar deles? Nem ao menos sei o que me surge oscilando de dia em dia, por dentro, por fora, não sei!
E nem me atrevo a tentar saber, sobre os meus, sobre os seus, sobre os deles, tamanha frustração qual não receberia...!

E em períodos longos demais - já diria a corretora - me perco outra vez, na mão pelas mesmas de sempre, essas mesmas ingratas de que tanto falo, e que tanto comigo faltam, em momentos como hoje, em momentos como sempre.
O ideal em suas férias integrais.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Ópera de Machado

Começo assim, como começaria em qualquer palco, uma peça ao público, sem cortinas, sem sapatos, sem receios. Somente as meias.

Um salto em direção à platéia, aos desconhecidos, aos amantes, aos queridos, aos críticos e ressentidos, aos tantos e tantos, em cantos, em solos, sozinhos, calados, à espera. Envoltos em uma expectativa, uma qualquer, uma expectativa, sem perceber, de qualquer beleza, de qualquer sujeira, de qualquer ruído, de qualquer, de.
Uma expectativa de.

E entre relógios barulhentos pernas inquietas suspiros mal contidos bocejos óculos sendo postos em-seus-devidos-lugares papéis de bala garrafas de plástico esmagadas pigarros espirros mordidas suor, forma-se a pausa - em meio à abdicação dos ponteiros e a respiração que se prende.
No fim, que é o começo, é tudo som, luz e brilho.

Um correr silencioso sem marcações, um leque de cores, em meio à dança, aos vestidos volumosos, ao efeito da luz que quase cega, para depois abaixar-se, reduzir-se a um pálido cômodo, que intimida, que relaxa, que faz pulsar os músculos e os olhos, em meio à vibração, às cores fortes, às pálidas, à interação de cada gesto, de cada fala, de cada sopro.
O lirismo do momento.

Por toda a noite quase nem sentida, por todo o espaço. A música, a literatura e o teatro, juntos em uma só voz. Em um só corpo.