domingo, 13 de março de 2011

Sob a luz que escorria pela janela amarela

Soava infeliz o ruído de sussurros berrados copos batendo gargalhadas cheirando a cerveja, na iluminação barata vermelha e azul neon. Mais do que sobrepondo, sendo transformado, o ruído, na própria música ambiente - agora baixa demais para ser escutada, mesmo pelos poucos ainda sóbrios do local.

Em passagens rápidas e (es)corridas do tempo - se é que realmente havia um - percebia-se também dentro, regada aos mesmos princípios básicos de todo bom participante. Sua função e seu cargo principal: A exteriorização imediata de cada pensamento que surgia. "Impulsionadas" parecia pouco. Eram empurradas, saltadas, cuspidas, as palavras indigestas - principalmente para si - que de sua boca saíam loucas.

Um palco próprio instalado, no meio de todos os outros, que, no fim, remetiam ao mesmo, ao único, à lama sobre a qual caminhava tranquilamente, estupidamente e inocentemente sorridente, o alvo de seus humildes aplausos.
Não que se importasse, é claro que não.
Não tinha com o que se preocupar, além de seus rotineiros pensamentos músicas frases conversas expressões e jeitos analisados cotidianamente para-não-perder-o-costume. Para ter no que pensar ao fechar os olhos, para ter com quem sonhar por longas horas.
Rezando para acordar.
Não se deixando acordar.

Não se importava, é claro que não!
Não se importava, o consciente permanecia longe disso.

Observava calada, gritando insanidades, chorando a maior de suas dores.
Era doente.