Por um mundo onde seja mais fácil resistir ao café rasgante da redação em dias como esse.
Em dias como esse, queria um mundo onde fosse mais fácil resistir à tentação de deteriorar escolha, unha e sentimento. Por um mundo onde seja mais fácil digerir a queda, a quebra e a perda de qualquer-coisa-que-um-dia-foi-tão-viva. Mastigar e engolir essa sensação filha da puta que fica aqui, entalada.
Em dias como esse, esses meus sapatos molhados pela chuva esfriam o corpo todo, do-início-ao-fim-ao-meio. Essa chuva toda torta, que eu detesto tanto que me atrai, que me faz escorregar e dançar, escorregar e dançar, num ritmo descompassado e manipulado por ela. Eu, marionete.
"A vida é coisa doida", você diz. Sem querer esmaga e amassa a gente, sem a gente perceber.
Alô, ô vida, me deixa decidir sozinha, vai. Me deixa apagar sofrimento, me deixa pular essa, aquela, e mais outra parte. Me deixa me esconder, só hoje.
Me deixa ser covarde.
Direita, esquerda, direita, esquerda.
Um reto vazio.
"Quantos caminhos cabem em seus sapatos?"
Eu, pedaço. Você, outro: inteiro.
Um reto sem nós de mãos dadas.
Respirar todo esse vento, de chuva gelada, em dias como esse, é difícil pra caralho.
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