segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Por um mundo onde seja mais fácil resistir ao café rasgante da redação em dias como esse.
Em dias como esse, queria um mundo onde fosse mais fácil resistir à tentação de deteriorar escolha, unha e sentimento. Por um mundo onde seja mais fácil digerir a queda, a quebra e a perda de qualquer-coisa-que-um-dia-foi-tão-viva. Mastigar e engolir essa sensação filha da puta que fica aqui, entalada.

Em dias como esse, esses meus sapatos molhados pela chuva esfriam o corpo todo, do-início-ao-fim-ao-meio. Essa chuva toda torta, que eu detesto tanto que me atrai, que me faz escorregar e dançar, escorregar e dançar, num ritmo descompassado e manipulado por ela. Eu, marionete.
"A vida é coisa doida", você diz. Sem querer esmaga e amassa a gente, sem a gente perceber.
Alô, ô vida, me deixa decidir sozinha, vai. Me deixa apagar sofrimento, me deixa pular essa, aquela, e mais outra parte. Me deixa me esconder, só hoje.
Me deixa ser covarde.

Direita, esquerda, direita, esquerda.
Um reto vazio.
"Quantos caminhos cabem em seus sapatos?"
Eu, pedaço. Você, outro: inteiro.
Um reto sem nós de mãos dadas.
Respirar todo esse vento, de chuva gelada, em dias como esse, é difícil pra caralho.

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