quarta-feira, 27 de junho de 2012

A resistência à qual nos agarramos para respirar sem comprimidos reside na fagulha de sentido que conseguimos criar para cada momento vivido.

O acúmulo de instantes intensos nos permite sobreviver em meio ao caos da rotina.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Escrevo porque estancar a angústia é ainda pior do que senti-la.

domingo, 17 de junho de 2012

Película

Meu problema consiste em ser.
Ser infinita e ser ruminante. O prato feito nunca acaba, e é bonito repetir.

Pode acarretar em uma ou outra perda qualquer, comum: um trem que chegou e não prestará serviço, uma frustração intelectual pós-leitura ou uma fatia de pão mofado. O essencial é que a perda, por si só, esteja acoplada à criação das setecentas e tantas expectativas.
Ruminar o infinito significa nada além de estagnar-se dentro de uma invenção. 

Shoulder to shoulder

Eu quero viver escrevendo sobre meus amantes. Escrever sobre cada detalhe, cada pedacinho daquilo que um dia eles, por vontade própria e única, me mostraram. Gosto do detalhe, das aspas sem contenções. Gosto das sombras, e das sobras mais íntimas que consigo raspar.
Gosto quando o canto da boca ameaça sinceridade em um meio sorriso.
Gosto do puro, do não-ensaiado, do simples e do leigo de qualquer entrega, em sua totalidade.
As pessoas pelas quais tenho maior interesse são as infelizes. Não sei ao certo por quê.
Talvez porque eu considere a exposição de sensibilidade uma das coisas mais bonitas que já vi. A entrega dos pontos, o assumir que é assim e à merda com o orgulho. A exposição do seu próprio ser, cru. 
Sentimentos. Mesmo que os piores, que os rasgantes. Porque mostram o desconforto em relação à significação de cada passo que somos, diariamente, condicionados a arrastar.
Pessoas tristes sentem-se não-pertencentes. Sentem-se alheias a um sistema em que sentir prazer é fundamental, e, mais ainda, obrigatório. Se isolam porque, verdadeiramente, não sentem. E não há remédio-floral-religião-auto-ajuda que vai fazê-los engolir e sorrir, mecânicos.
Só não funciona quando todas as minhas vozes resolvem falar ao mesmo tempo. Entram em colapso dentro de mim. Se uma delas escolhe uma cor, a outra rompe relações. Se uma quer se abrir pro mundo, a outra puxa para trás, com rédeas sintéticas de receio.