terça-feira, 17 de maio de 2011

Boa noite, você, que é por quem tenho carinho.

Ando tão triste, e os motivos aparentes são tão banais que não me convencem.
Sinto falta de coisas que nem sei, coisas que ainda nem vivi, e quero. Quero andar em passos seguros, no reto de quem tem domínio claro sobre os próprios pés. Entende, andar assim, até longe, até uma vila dessas abarrotadas de casinhas antigas, onde haja vento gelado, noite com lua e você do meu lado. Cafona. Assim.

Não quero mais feridas fundas feitas com palavras. Menos ainda, quero arranhões daqueles tipos extremos, com a ausência delas - não tem coisa pior que o grito mudo do seu silêncio comigo.
E nem quero mais te cortar, te doer daquela forma toda. A gente merece descanso de tanto rasgado, meu amor.

Ando tão triste, e só. Lágrima e Sal até amanhã, até o dia seguinte, acontece. Um exemplo lugar-comum, um daqueles momentos repentinos em que viver-é-foda-morrer-é-difícil.

Mas com você, é fácil de sair. Quando existe você por aqui, pra me ouvir e me conversar enquanto tomamos um café com leite ao som daqueles comerciais engraçados da TV. Funciona, assim.
Acontece e funciona, assim.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Época dos meses frios.

Não que considere de todo estranho, mesmo no meio de tanto Novo. Mas me falta, às vezes, aquele quente, ausente, do alaranjado que me desperta manhã por manhã. O completo da cama forrada, do sépia em cores de fim de dia, do chá gelado e dos biscoitos recheados.
Entende?...Essa calma pós-dia-de-matar.

Há tempos tenho andado, em passos rápidos, pelo sujo da rotina de São Paulo.
Peixe, fumaça e caos.
Há tempos, intacta, intragável.
Permaneço nessa inércia de ir, voltar, correr, voltar, esquerda, direita, ré.
Já não me resta tempo dinheiro vontade mo-ti-va-ção pra pensar. Desisto de Descartes, Platão, Sócrates ou o Gorbachev que seja. Desisto porque me derroto no pouco que é ser percebida fraca pelo desconhecido.

Mas nas esquinas onde a chuva fina não encharca, onde me busco quase que desesperada atrás de uma loucura, um conforto para qualquer um desses devaneios que buscam loucos uma solução, você me surge, assim, me surge sem cor, me surge cobrando um algo que nem-eu-mesma-reconheço-em-mim.
E você espera, e eu espero.
Nessa espera com chinelos molhados e unhas descascadas de Rebu.
Falta tempo, coragem, gosto. Talvez sal.
Talvez açúcar.

"Detesto ficar esperada sentando".
- Detesto sua forma de falar.

Mas é que devemos aceitar, compreende, levar as coisas de forma leve, amigo, porque existe ainda aquela história de que tudo sempre passa e tudo sempre volta e-é-sempre-a-gente-que-complica-a-vida.

Ando complicando demais a minha, interiorizando, ao invés de exteriorizar.
E quase que me forço, porque, você sabe - não sabe? - amigo, você sabe: todos precisamos de uma noite inteira para-chorar-até-dormir.

E amanhã surgir a si, respirado. Sorrido, até.