segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Devagar, o menino de vermelho levantou-se, esticando a camiseta.
Olhou para a menina sentada a sua frente, que, imediatamente, levantou o rosto em sua direção.
Deveriam ter a mesma idade. Uns dezesseis, dezessete. Estavam igualmente desconcertados.
Uma fração de segundo depois, desviaram o olhar. Ele saiu pela porta, antes do sinal, e ela voltou os olhos ao livro.

Sei lá quantos milhões de pessoas diferentes me passam assim, parecidos, pelo metrô.
Gente apressada-desmotivada, constantemente consumista de mais um milhão de motivos pra inventar complicação.
Essa tanta gente, que nem a gente, que quer viver tanto, mas vive tão pouco, por medo - do desconhecido, do abstrato, do incerto.
Um conglomerado etéreo incômodo atravessa o estômago desse um-mi-lhão-de-se-res no instante em que surge qualquer vestígio - qualquer estalo do que possa vir a ser: uma possibilidade.

Eu gosto é de me perder na neblina.

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