domingo, 23 de dezembro de 2012

Aqui, ninguém vai pro céu .

Em São Paulo você precisa escolher.
O ponto de ônibus & o trânsito-calor-suor-balanço ou o táxi & o trânsito-conforto-ar-condicionado-bolso.
O café & o tempo-fila-gastrite-energia ou o pão-na-chapa & o tempo-estômago-sono-padaria.
O emprego, o dinheiro e a exaustão ou as férias, a ansiedade e o ócio.
O individualismo, as pessoas e as noites ou o apego, a cama - única - e as manhãs.
As mudanças, os arrepios e o cheiro de tinta fresca ou as estabilidades, a segurança e o cheiro de sofá de casa.

Pra viver em São Paulo você precisa correr.
Você precisa chegar a tempo.
Você precisa entender - e acertar! - cada passo.

Pra sobreviver em São Paulo, você precisa ser adaptável.
Você precisa se acostumar com cheiro de feira, de mofo e de igreja.
Você precisa se acostumar com o cheiro das fumaças - de escapamento de carro, de churrasco, de maconha.
Você precisa se acostumar com cheiro de transporte público. De calor. De gente. De correria. De chuva. De cansaço. De suspiro.
De pingado. De cachaça. De cerveja.
De shopping. De fast-food. De futilidade.
De alegria. De transtorno.
De cinza. De colorido.
De caos.

Em São Paulo existe todo tipo de sinalização - pra onde todo-mundo-vai; pra onde não-ir-de-jeito-nenhum.
Pra existir em São Paulo, você não pode se perder.
Pra existir em São Paulo, dizem, você não pode amar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário