quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

2012 já começou do avesso.
Pela primeira vez, joguei duas flores pra tal da Iemanjá. Pela primeira vez, vi os fogos na praia de Copacabana, com direito a show de Evandro Mesquita & Blitz. Pela primeira vez, não mandei mensagem de texto na virada - pulei as ondinhas e o celular se afogou, horas antes do primeiro dia. A energia que me acompanharia durante todo o ano, ao contrário, foi pontual, superando a primeira (de um milhão!) das adversidades inesperadas que viriam.

Em 2012 eu fui egoísta. Em 2012 eu me pus à frente; me preservei - e descobri que a melhor forma que tenho de fazer isso é me jogando pra todo e qualquer canto desconhecido, que possa me trazer toda e qualquer possibilidade de coisa bonita. Desacreditei e reacreditei no espiritismo, fui atrás de astrologia-umbanda-yoga-acupuntura. Cogitei desesperadamente voltar pra terapia, ao mesmo tempo em que descobri a gastrite e os anti-ácidos.

Conheci muita gente (de verdade). Conheci pouca gente de mentira. Em 2012 fui sincera e acreditei na sinceridade (simplista ou não) de cada um que passou por mim.
Mergulhei em muitos livros. Vi menos filmes do que gostaria. Falei ao vivo na rádio. Tive três empregos (trabalhei em dois ao mesmo tempo, por dois meses), me demiti e fui demitida.
Alarguei as duas orelhas (um pouquinho só). Pensei, repensei, trabalhei sobre e, finalmente, fiz minha primeira tatuagem. Acreditei em cada instante e, de fato, vivi cada um deles, da minha forma - instável; intensa. Tive paciência - e, caramba, tiveram mui-ta paciência comigo.

Tive, no mínimo, umas cinco crises de identidade ao longo do ano. Meus valores se confundiram, e me confundiram em inúmeros momentos - me perdi, tropecei, chorei. E aí descobri as vertentes. Descobri que não "sou" - descobri que "estou para". Estive para um milhão de coisas diferentes. Descobri o diferente como algo absolutamente positivo - e me entreguei.

Senti muito e senti nada. Só fui. Corri muito. Descobri serenidade. Sorri ansiosa e sorri sem pressa. Fui sendo - fui muito, fui pouco, fui tudo, tudo, tu-do que poderia ter sido.

Comecei o ano em crise - fiz 19 anos, a última das idades com o "um" na frente. A última vez antes dos estimados-tenebrosos-idosos "vinte anos". Quis voltar o tempo.
Terminei o ano em crise - tenho 19 anos, e (estou para) uma perspectiva distante de tempo/conhecimento. "Tenho só 19 anos", e um mundo enorme pulsando pra viver.

2012 teve escassez de chuva e, principalmente, de frio. Foi o último ano da série dos números iguais (12/12/12) e quase que o mundo todo acabou no dia 21 (pois é, Maias, não foi dessa vez). Em 2012, dei meus primeiros passos pro vegetarianismo (crise com o mundo!), descobri o astigmatismo e minha consequente visão falha (crise, crise!), tive que escolher comida/óculos/gente/pri-o-ri-da-des. Nunca fui muito boa com escolhas - então, de novo, só me deixei ir. Impulsiva, pensei pouco, escolhi primeiro. Por incrível que pareça, na maioria das vezes, deu certo.

Descobri muita música brasileira muitomuito boa. Saí do Brasil e conheci toda a energia delícia e friorenta de Buenos Aires. Ganhei minha câmera semi-profissional e um olhar mais detalhista sobre momentos curtos. Comecei a escrever literatura para um site, com incentivo indireto de um dos melhores professores que tive a oportunidade de conhecer. Entendi muito mais sobre o que é a droga do jornalismo. Entendi muito menos sobre o que eu espero do meu futuro no jornalismo. Decidi, enfim, não esperar nada. Assenti ao meu "tanto faz" e dei cor pra cada nova aposta que fiz. Continuei apostando em todas as outras áreas do meu pedaço de vida dois-mil-e-dozístico.

Voltei pro teatro não-dublado. Abdiquei do conforto, saí correndo pra sentir as veias pulsarem, tive medo e caí feliz. Descobri que nasci mesmo é pra correria, pro caos físico e mental e pra complicação, com instantes-pílulas de calmaria. Escrevi parte do roteiro de uma peça. Me senti com quinze anos, de novo, e quis ir pro Chile, pra Augusta, pra Paris e pra debaixo da minha cama. Planejei umas bobagens conjuntas, umas bobagens sozinha-pensando-no-metrô, tive mais umas crises, rodopiei no vento e morri de rir.

Acreditei (até demais) em mim e fiz (quase, quase) tudo o que queria fazer. Falei (quase, quase) tudo o que queria falar. Conquistei tudo, absolutamente tudo, que me propus a ter. Percebi o estado de espírito como algo fundamental pra qualquer respiração tranquila, pra qualquer meta a ser cumprida. Vivi de arte, de gente, de carinho, de palavras, de impulsos, de equilíbrio e de sorrisos, a cada instante.

2012 foi louco, muchocrazy-doidão mesmo. Absolutamente inusitado, inesperado - e, talvez por isso, tão positivo. Em 2012 libertei mil amarras que residiam dentro de mim, até então. Pra nunca mais.
Pra sempre mais, anos bonitos, intensos, crisados, ma-lu-cos, assim; como esse.

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