quinta-feira, 21 de março de 2013

Aqui o céu é todo aberto, que nem naqueles campos de flores que tem em filme europeu. Aqui tem flores também, mas são menos expostas, e de cores menos vivas. Aqui dentro, a gente não respira. Não tem fio elétrico, proteção.

Do lado de cá, a areia cresce e corre entredentes, entre o vento. Metade de mim quer ir embora correndo. Metade de mim quer ficar pra observar os raminhos amarelos que crescem por entre as raízes insólitas do lado de lá.

É um lugar todo cheio de vazio. De nublado, de frio. De santo desgastado, de vaso quebrado, de planta pálida invadindo pedra gasta. De baixo, uma energia imensurável, emanando ar quente de uma não-respiração. Me pergunto se são suspiros, lamentações ou só desabafo de alma-sem-corpo, manifestando sua essência-existência-esquecida.

Nesse piso disforme tem calor.

Tem que ter grana pra chegar digno nessa periferia de esperança e indiferença. Tanto na ala dos túmulos-de-mármore quanto na dos buracos-com-montes-de-terra. Eu costumava achar que era tudo fechadinho, trancadinho, mesmo quando mal cuidado. Mas não. Tem flor seca, casinha de pedra abandonada, voz falha, capela arrombada.

Será que roubaram meu corpo?

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