...It's just the end of the world".
Não era apenas o reflexo do sol cansado daquelas tardes perenes que batia na janela, como quem procura algo impossível de se ter de volta. Havia mais, alguns outros tantos motivos por que ficar. E por que sair correndo dali.
Respirou de volta, pela garganta, todas as fumaças de todos os cigarros usados naqueles dois últimos anos, enquanto olhava absorta pelo vidro empoeirado.
- Acabou, afinal. - Foi o que lhe disseram, uma semana atrás, com um sorriso aliviado nos lábios, como se fosse fácil.
Como se fosse fácil!
Tentou se concentrar em movimentar os olhos, tirando-os, assim, da inércia por alguns poucos instantes, mas o duro fardo de segurar sobre as costas todos aqueles pesados dias por uma última vez, lhe encobria da mais fina camada de vergonha, alívio, receio, alívio, medo, alívio - e lhe petrificava o olhar.
Podia respirar, enfim, longe de tudo o que mais lhe incomodava - palavras suas - embora parecesse, esse fim, o mais incerto - mesmo mais que aquele começo.
Era ainda mais do que uma inércia, o que se observaria - se alguém parasse para observar - ali, naquele lugar onde encontrava-se metade janela, metade vida. Era um retroceder de horas, de momentos até então guardados para nunca serem relembrados, onde cada sentimento voltava à tona, como se de fato revivesse, como se gostasse.
Como se... gostasse.
Piscou os olhos por mais uma vez, sentindo-os arder de tão secos.
Nenhuma lágrima caiu, mas algo pulsava doentio por dentro, como se, em algum pedaço, em algum instante, algo fizesse sentido, afinal.
Como se gostasse.
É um ótimo final para um começo.Ou o contrário.Tanto faz, essa fase acabou.
ResponderExcluirParabéns, você passou de nível.