quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sobre 29/09 (e mais tantos outros dias)

Toda grande alegria vem seguida de um grande chute na cara. E tenho dito.
Assim mesmo, como frase de efeito, como clichê. Como verdade provada e reprovada por mim mesma.

Há uma hora, eu estava repleta da mais verdadeira vontade de escrever sobre tudo o que me parece bonito, falar sobre detalhes de cor e de pele, de momentos únicos, íntimos, felizes, completos - por todo o intervalo de tempo, aparentemente minúsculo, em que ocorrem.
E então me ocorreu a percepção da minha talvez-até-demais felicidade progressiva, da minha redenção-ingênua-e-repetida àquelas palavras cuja origem me era proibida de sentir há um tempo (um voto de proibição de mim para mim).
Uma junção de sentimentos em uma mistura muito rápida, deslizante e quase incontrolável, de brilho, clareza e tranquilidade.
Uma daquelas definições que nunca sai perfeita, já que é abstrata, e, se me permite usar mais uma vez um outro clichê, indefinível.
Talvez tenha se formado, dentro de mim, essa ilusão de que todo o lixo, antes (durante e depois) amontoado no canto do quarto houvesse de fato sumido, se transformado, sublimado (!), devido a esses minimicro efêmeros momentos, especialistas em deixar a realidade para mais tarde.

E agora, aqui estou, em mais um papel molhado de linhas rabiscadas onde o assunto principal não passa do mesmo de tantos dessas tantas páginas: Minha angústia, meu desespero, minha queda.

Algumas pernas colocadas à minha frente, para que me aconteça tropeçar e enfim acordar, de novo e de novo - o quanto for necessário, por todas as vezes que estiver indo longe demais. Longe demais do foco, me rendendo ao surreal inventado, elevado e multiplicado. Pois que seja assim estabelecido, mas que eu não me deixe esquecer uma esperança ínfima que ainda existe dentro de mim: a que almeja que esse assim decretado ciclo não prossiga para todo o sempre, e amém.

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