sábado, 13 de fevereiro de 2010

casa de açúcar

- Gostou do lugar?
- É incrível. - menti.

Me lembrava mesmo um auditório abandonado, em uma escala muito menor. Suas paredes pareciam ter a alma de cada fantasma que por ali já passara. Qualquer palavra dita, ecoava em um grito surdo, seguido de outro, de outro, de outro...
Distribuídas pelo espaço, algumas almofadas mofadas. Talvez lá por algum alheio conforto.
Algumas maçãs mordidas. Nada naquele labirinto me parecia confortável.

Mais dois cômodos adiante, um com cada prato, um em cada canto. No meio aquele lustre enorme.
Grande demais, brilhante demais.
Quase me cegou.

Pensei em organizar as cadeiras para as visitas.
Essa minha maldita mania perfeccionista.
O lustre não apagava aquelas luzes desgraçadas.

Fiquei com raiva. Com vergonha. Com medo.
Fiquei mesmo.
Corri.

Corri abrindo portas, corri chutando caixas, corri rasgando roupas, corri da existência.
...

Acordei nas escadas vazias da plataforma.
O relógio rodava descontrolado, bem como minha consciência.

Eu pelo menos já não estava mais lá.

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