terça-feira, 22 de setembro de 2009

"Página não encontrada"

Cortes cicatrizados que são cruelmente feridos outra vez - com navalha afiada fabricada por si mesma - onde encontram-se todas as novas sensações, perante uma mistura de cenas acontecidas e pensadas, imaginadas e não-concretizadas, e, junto delas, o resultado da multiplicação do medo com a insegurança, com a falta, com o abandono, com o escuro... Escuro ao extremo o buraco imenso, intenso e extenso, que se forma exatamente na região central do estômago, rasgando as paredes do mesmo e queimando, ao se espalhar, todos os outros órgãos que ali ainda deveriam existir, provocando rupturas e perdas de pedaços pelas partes, atrofiações e quebras de ossos, estouro de veias e hematomas pela pele, em meio à ânsia contínua de querer se auto-vomitar.
O cheiro enferrujado de sangue inunda as narinas, e a boca, e o copo de vidro, e a carne que se rasga e se destrói, com a futilidade de uma real não-existência, deixando um amargo e torturante gosto que entope as artérias e as faz explodirem até putrificarem por completo todo o resto do corpo que ainda respira em meio à sujeira deixada pelo asqueroso pedaço de carne sangrenta ao chão, agonizando por sua estúpida existência e à espera de sua completa perda de sentidos, para que se complete enfim, no conforto de sua única e indócil verdade: O vazio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário