Subiu as escadas correndo, um andar pulado, mais um, de dois em dois.
Quis ignorar qualquer parte escorregadia, molhada pela água que escorrera das portas, que inundara todo o andar, e toda a vila, e todo o espaço, e todo o mar. O mar que ela enxugava com os panos secos.
Tremeu ao pegar o amontoado de chaves que escorregara de sua mão, e girou uma, e outra, e outra vez. Qual era mesmo a chave certa?
Atormentada, telefonou. Reclamou e exigiu respostas, exigiu perguntas, exigiu uma qualquer importância, ou uma qualquer indignação. E a maldita chave que há muito não vira.
Então esperou. Sentou-se em cima de um tapete surrado entre a porta de madeira e as escadas de mármore. Decidiu forçar mais um pouco seu apetite por sono, por música, por tinta. Aliás, havia muita tinta fresca, por todo o corrimão.
Em vão, todo o esforço. Não era ninguém para a audácia da ligação, não era ninguém para qualquer transtorno alheio. E as têmporas voltaram a pulsar.
Ah, quem estava tentando enganar? Depois de todos aqueles jogos de montar sem resultado, e todas as casinhas de construção espalhadas pelo chão sem sucesso...
O vento derrubara tudo, mas por quê? Todas aquelas letras não teriam mais força que qualquer tempestade? Então por que a distância?
Fechou-se em sua mágoa e mordeu toda a chuva reprimida nos olhos. Não queria fazer nada disso, não queria estar sozinha naquele momento. Queria uma mão, uma pálpebra, uma máscara nova, a prova de ouvidos e olhares.
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