terça-feira, 28 de julho de 2009

Análise

Enxerga-se um raio forte atravessando uma, entre as tantas imensas janelas da casa no fim da rua. E, fixando-se bem o olhar, pode se enxergar o sorriso tranquilo irradiando nos dentes amarelados da menina deitada ao sol. Tomada pelo sol.

A questão que o reflexo, o único reflexo, dado pela única janela iluminada por todo o estabelecimento supõe, é a de um vazio. Buraco. Oco. Como desenhos rabiscados por crianças, sem sentido algum aos olhos adultos e objetivos ao observá-los. Tomados, porém, por todo um sentimento interno, uma realidade significante, cofidicada, de maneira inocente, pelas mãos de quem o traça. Talvez assim como essas linhas tortas.

"É uma casa."
"Minha família."

"Minha angústia."
Pois pode-se interpretar algo semelhante a isso.
Igualmente forte, igualmente gritante.
Um desenho entre linhas, decifrável, embora calado. Quieto. Tímido, até.
Tímido como um timbre soado suavemente, como um pigarro mal tossido, um olhar desviado, um choro reprimido.

E perante tantas suposições, tantos pensamentos, (in)compreensões, permanece calada, sorrindo, fatigada, a menina da janela, da casa cuja única janela predomina brilhante, por um sorriso fascinante, ofuscando todo o resto, em suas emoções exaustas, derrotadas e descontadas na contração dos lábios ao acordar, no seu merecido descanso, seu descaso, seu ensaiado progresso, amarelo.

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